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terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

SIMBOLOGIA E REJUDAIZAÇÃO

Uma mensagem pode ser expressa através de um símbolo, que por sua vez ensina uma verdade ideológica. Um símbolo se não for bem pensado e analisado, pode refletir o que não se queria, especialmente os que vem do passado. É nessa dificuldade que o neopentecostalismo tem caído. Por não haver em seus círculos muitas pessoas com uma formação teológica mais profunda, pela preocupação quase que exclusiva na propagação de sua mensagem, por ignorar a correta doutrina e serem autossuficientes, os neopentecostais têm escolhido símbolos que revelam suas falhas estruturais. Veremos no âmbito desse trabalho apenas três deles, os mais utilizados, já que esse universo é vastíssimo.
Em primeiro lugar temos a estrela de Davi, ou estrela de seis pontas. Se a observarmos bem veremos que ela consiste de um triângulo com o vértice para cima e o outro para baixo. Seu nome original no hebraico é Magen Davi, o que significa “escudo de Davi”, e é parte integrante da bandeira de Israel.
Os neopentecostais são grandes admiradores da simbologia de Israel. Não por acaso, mas por uma questão teológica: a porção da Bíblia que fala sobre Israel, o AT, não trata do sacerdócio universal dos crentes, mas do sacerdócio levítico e de sua elite religiosa como classe dominante. Isso combina com sua eclesiologia que geralmente é elitista.
A essência do neopentecostalismo exige que exista uma estrutura de poder centralizada, de modo que um líder domine. Por ser aquele que detém as revelações, o pastor neopentecostal não pode ser confrontado, parecendo muito mais com um sacerdote do AT do que com um pastor evangélico.
Se o conteúdo neopentecostal é baseado no AT, podemos dizer idem para os seus símbolos. A estrela de Davi remete o fiel as vitórias e conquistas do rei Davi, fazendo com que ele relacione o seu presente com a vida do personagem. Através de uma fraca hermenêutica, torna-se fácil associar a aliança davídica com uma aliança que o fiel pode ter hoje, e que trará sobre sua vida as mesmas vitórias do passado. Se a cruz fala de dores, a estrela de Davi fala de conquistas.
Como dito pelo Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho no Congresso de Adoração, acontecido na quinta-feira, dia 26 de julho, por ocasião da 99ª Assembléia da CBF, em Cabo Frio, RJ:

         Mas há um problema aqui. Na realidade, a estrela de Davi não é judaica. É um símbolo do Oriente, não judaico, que designava a fertilidade, a união do masculino e do feminino. O masculino é o vértice para cima, e o feminino o vértice para baixo. Entre os sumérios, simbolizava a união de Marte, o masculino, com Vênus, o feminino. Com toda probabilidade, Davi não usou esta estrela. Ela foi introduzida na bandeira de Israel por Theodor Herzl, o fundador do sionismo. Entrou no judaísmo pela cabala, pelo significado da união sexual do masculino e feminino. Pode ser hoje um símbolo judaico, mas não é bíblico. Era pagão. Parece que passou a ser usada pelos judeus no século XV como símbolo distintivo, querendo os judeus asquenazis um símbolo para si, como os cristãos tinham a cruz. Um símbolo pagão que foi adotado pelos judeus como resposta à cruz dos cristãos. Eis a estrela de Davi.

O candelabro de sete braços, chamado menorah ou menorá, é outro símbolo largamente usado. De acordo com as instruções de Moisés (Êx 37.17-23), ele foi criado no deserto por Bezalel, para ser colocado no tabernáculo no deserto. É constituído de uma haste central de onde saem três braços para cada lado, e sete lumes de lâmpadas. Simbolizando a presença de Deus e Sua luz no meio do seu povo ele deveria ser feito de ouro puro.
Não precisamos mais de símbolos ou objetos que representem a presença de Deus no nosso meio, pois o Espírito de Deus foi derramado no Pentecostes, e agora somos Sua habitação, templos onde habita a luz da Sua glória.
Segundo o Pr. Isaltino Gomes Coelho, no mesmo Congresso:

         Moisés não criou a figura do nada. Ela é uma representação da árvore do mundo babilônica. Curiosamente, a lâmpada central se chamava Shamash, o nome do deus babilônico Sol. Aliás, Gênesis não cita o Sol e a Lua, na criação, mas fala do luminar maior e do luminar menor (Gn 1.16), exatamente para evitar o culto ao deus Sol. Não é necessário presumir que Moisés copiou os caldeus, mas é licito pensar numa memória da raça, em algo comum ao mundo daquela época. O Sol era o centro da vida para todos.

           
O primeiro símbolo que analisamos, que foi adotado pelos judeus, era um símbolo pagão. Logo após analisamos um símbolo judeu que tem estreita relação com um símbolo babilônico. Finalmente chegamos  a pomba, o terceiro símbolo mais usado no neopentecostalismo e que é cristão.
A Bíblia nos revela, a partir do batismo de Jesus em Mt 3:16, que a pomba é símbolo do Espírito Santo. É preciso que atentemos para o fato de algumas igrejas terem a pomba como símbolo, mas não terem a cruz. Qual mensagem está sendo passada?
A ação do Espírito Santo, e não a cruz ou Cristo, é o foco das igrejas neopentecostais. Há uma ligação incorreta feita por muitos fiéis entre mover do Espírito e a alma (psique), sede das emoções do ser humano. Assim as emoções prevalecem no ambiente neopentecostal, tomadas como manifestações do Espírito. Então o subjetivo  - "Estou sentindo no meu coração" - prevalece sobre o objetivo - "A Bíblia diz assim".
Sem entrar no mérito da origem desses símbolos, temos que reconhecer que eles estão presentes em templos e levam as pessoas a uma reflexão espiritual. A grande questão a ser analisada é que a linguagem dos símbolos está sujeita à interpretações pessoais. Assim ele pode ter uma conotação maior ou menor para o indivíduo, dependendo de como ela o recebe. Uma sensação é comunicada, muito mais que conceitos. Importa como a pessoa se sente e não uma análise teológica, porque as necessidades espirituais mais do que intelectuais são emocionais.
Além do discurso emocional, a pregação neopentecostal é baseada em símbolos que remetem à imaginação, sendo emotiva e não direcionada ao intelecto. É por esse motivo que entre os neopentecostais o anseio pelo sobrenatural é suprido em muito maior intensidade do que entre os tradicionais. Nas palavras do Pr. Isaltino Gomes Coelho: "Corremos o risco de criarmos um 'alto evangelho', assim como há um 'alto espiritismo'".

Trecho extraído de:
ALVES FILHO, Rubens. Incoerências Apostólicas: Princípios veterotestamentários e heresias nas igrejas neopentecostais brasileiras. 2015. 38 f. Trabalho de Conclusão de Curso - TCC (Pós-Graduação em Teologia) - Faculdade Teológica Batista de São Paulo, São Paulo, 2015.

domingo, 7 de fevereiro de 2016

CARNAVAL: PÃO E CIRCO

“Andemos dignamente, como em pleno dia, não em orgias e bebedices, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas e ciúmes; mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências.” - Romanos 13:13-14

Creio que seja desnecessário falarmos das origens pagãs do Carnaval e de seu objetivo primordial de satisfação da carne. Sabemos que todos os anos os mesmos resultados são divulgados pelos meios de comunicação: violência multiplicada pelo uso de drogas lícitas e ilícitas, com o aumento de assaltos e assassinatos, acidentes de trânsito, gravidez inconsequente e multiplicação de abortos, entre tantos outros saldos negativos. E o mais grave é que essas comemorações são bancadas com dinheiro público.
É de conhecimento geral que na antiga Roma os imperadores reuniam as multidões nas arenas para assistir grandes espetáculos. Durante essas festas eram jogados pães ao povo com a intenção de conquistar sua lealdade, de modo que ao se retirarem saíam ainda mais pobres e ignorantes. Essa era uma estratégia para distrair e ocupar o povo, dominando a opinião da massa fazendo-os pensar que tudo estava bem. Essa antiga estratégia romana continua em vigor através do atual carnaval, onde o povo iludido esquece a realidade e se autodestrói. Como cidadãos conscientes não podemos nos conformar com tal situação, muito menos como cristãos.
Parafraseando a reportagem da edição da revista britânica “The Economist” para as Américas, o Brasil está “festejando à beira do precipício”. Enquanto o povo faz uma pausa para esquecer dos problemas, e os políticos só voltarão aos trabalhos efetivos após o fim da folia, o país enfrenta dois sérios problemas: o vírus zika e a piora das crises econômica e política. Mas tudo bem, a quarta-feira de cinzas está logo aí...
Friedrich Nietzsche disse em certa ocasião: "Ter fé é dançar a beira do abismo". Independente do sentido dado pelo famoso pensador ateu, notadamente contrário ao pensamento judaico-cristão, podemos dizer que ele está certo! Diferentemente do festejo irresponsável que acontecerá nesses dias de carnaval, ter fé significa realmente correr riscos e confrontar o impossível. Crer verdadeiramente em Deus nos garante que a despeito das circunstâncias estamos nas mãos seguras do Criador.

domingo, 24 de janeiro de 2016

POR QUE DEVEMOS ORAR PELAS AUTORIDADES?

"Exorto, pois, antes de tudo que se façam súplicas, orações, intercessões, e ações de graças por todos os homens, pelos reis, e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranquila e sossegada, em toda a piedade e honestidade. Pois isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade." - 1 Timóteo 2:1-4

É interessante como o apóstolo Paulo adverte que "antes de tudo" oremos pelas autoridades constituídas. Infelizmente o evangelho pregado em muitas igrejas valoriza uma intercessão egocêntrica, que prioriza as orações por si mesmo. Esse é um dos efeitos perversos da chamada "teologia da prosperidade", que leva ao entorpecimento da consciência cristã e desvia os crentes do correto foco bíblico.
Ainda segundo o texto, devemos orar não só de uma, mas de diversas maneiras pelas autoridades. Devemos suplicar, ou seja, pedir com insistência, perseverança e fé na vontade do Senhor. Orar significa conversar regularmente com Deus, é uma prática diária, pelo que não podemos ser inconstantes. Precisamos ainda interceder, nos colocar no lugar do outro e tentar conhecer suas necessidades e dificuldades.
Por último devemos render ações de graças por nossas autoridades. Tenho certeza de que cada leitor pensou: "É impossível agradecer a Deus pelos políticos que temos no Brasil!".  Mas podemos agradecer ao Senhor pelos bons políticos (ainda que sejam escassos!) e por atitudes isoladas que tenham gerado efeito positivo a nossa sociedade. Certamente será muito melhor do que ficarmos apenas reclamando e nos desanimando pensando não haver saída para a crise instaurada.
Os objetivos de nossa intercessão também estão claros no texto: uma vida tranquila, sossegada, de piedade e honestidade, que conduza mais pessoas a serem salvas e libertas. Sossego e tranquilidade aqui não significam uma vida de “sombra e água fresca”, mas sim segurança. E ela não está nas mãos de governantes ou políticos, mas nos joelhos da Igreja! Oremos para que Deus nos livre de todo clima de insegurança e medo!
Por outro lado, devemos atentar as diversas tentativas parlamentares de evitar que vivamos em piedade agradando a Deus. São propostas sutis e capciosas de tolher nossa liberdade religiosa e de institucionalizar comportamentos contrários a Bíblia. Se não clamarmos hoje, talvez as próximas gerações não possam praticar nossa fé em público, ou viver uma vida de santidade segundo a Palavra de Deus. Devemos orar pelas autoridades se quisermos que nossos filhos tenham liberdade de viver sua fé em Cristo.
Um último alerta importante: quando deixamos de orar pelas autoridades estamos comprometendo o avanço do evangelho e, por consequência, a conversão de almas a Jesus. Iniciativas evangelísticas bem planejadas, às vezes com grande aporte de recursos, podem  não alcançar o sucesso previsto pela falta de intercessão pelas autoridades. Devemos orar por elas, sem olhar para as cores partidárias, pois para isso fomos chamados por Deus.

domingo, 17 de janeiro de 2016

A VERDADEIRA PROSPERIDADE

"Então Jó se levantou, e rasgou o seu manto, e rapou a sua cabeça, e se lançou em terra, e adorou. E disse: Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o Senhor o deu, e o Senhor o tomou: bendito seja o nome do Senhor." - Jó 1:20,21

Vivemos dias em que a "prosperidade" invariavelmente permeia os discursos religiosos. Nesse contexto a integridade de Jó perante o sofrimento e a perda de todos os seus principais valores é um grande exemplo. Certa vez questionaram um líder religioso acerca de sua vida nababesca. Sua resposta foi: "se meu Pai é rico, porque eu também não seria?". Infelizmente esse homem não entendeu os princípios bíblicos sobre prosperidade e os seus alertas quanto aos perigos do acúmulo de riquezas (I Tm 6:9, 10).
A fidelidade de Jó, especialmente em meio a pós-modernidade, é obviamente um desafio para poucos. Nossa sociedade nos pressiona diuturnamente ao consumo, as conquistas materiais, a ascensão social, enfim, ao ter cada vez mais. O sinal da benção de Deus na vida do homem não se resume a mensurar a riqueza que possui, mas a qualidade de sua relação com o Pai, um coração cheio de fé, alguém de firme caráter e santidade mesmo em meio a escassez.
O que os cristãos modernos precisam entender é a relação unívoca que existe entre ser cristão e riquezas. Uma pessoa pode através de seu trabalho, seu talento profissional e as oportunidades que aproveitou tornar-se rica sendo um servo de Deus. Por outro lado, não podemos afirmar que todos aqueles que aceitam o evangelho de Cristo tornar-se-ão ricos. Aliás o termo "prosperidade" em seu sentido original significa avançar, progredir, desenvolver-se. Todas essas características devem estar presentes naquele que tem o Espírito Santo, mas não necessariamente elas o farão uma pessoa rica no sentido econômico e financeiro.
O texto de Mt 6:33 nos diz: "Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas". A interpretação da passagem é clara e direta, ou seja, devemos buscar como prioridade em nossas vidas as coisas espirituais. Infelizmente muitos cristãos têm visado somente bênçãos, milagres e portas abertas, mas não estão dispostos a entregar nada ao Senhor. Quando muito creem que ofertas volumosas ou fruto de grandes sacrifícios é que moverão o coração de Deus. Não é isso que Ele deseja: "Filho meu dá-me o teu coração" (Pv 23:26). A relação é inversa, quando amo ao Senhor e estou cheio de Sua presença tenho o desejo de lhe entregar o melhor como reconhecimento do que Ele tem feito em minha vida. 
A verdadeira prosperidade se encontra em confiarmos plenamente na suficiência e fidelidade de Deus, em nos dedicarmos ao trabalho e nos contentarmos com o que Ele nos concede para vivermos dignamente. Com o objetivo de cuidarmos de nossas famílias, cuidarmos de Sua obra na terra e darmos bom testemunho para o mundo abençoando os necessitados.

domingo, 10 de janeiro de 2016

ÂNIMO EM MEIO A CRISE

“Busquem a prosperidade da cidade para a qual eu os deportei o orem ao Senhor em favor dela, porque a prosperidade de vocês depende da prosperidade dela.” (Jr. 29:7)

A mídia especializada e os profetas econômicos de plantão apontam para um 2016 com alta da inflação, contração do PIB, alta do desemprego, enfim, de absoluta crise. E não só no âmbito da economia, mas também no cenário político, com a operação lava-jato, ameaça de impeachment da Presidente da República e os vários casos de corrupção em todos os escalões governamentais. Sobrou até para o nosso "esporte bretão" com os escândalos revelados na FIFA e CBF... Diante de expectativas tão sombrias, qual deve ser o posicionamento dos servos de Deus?
Podemos tirar lições maravilhosas da carta escrita pelo profeta Jeremias aos exilados judeus na Babilônia, preparando-os para 70 anos de exílio em Jeremias 29. Nos versículos 5 a 7, Deus dá instruções para o povo exilado viver, desfrutar e prosperar no exílio. Ali também os judeus deveriam interceder pela terra, pelo povo, e lutar pela prosperidade. O povo deveria viver intensamente apesar das circunstâncias. Eles estavam sobre forte pressão do governo, e numa situação desta, o normal é deixar o desanimo tomar conta do coração. Mas a ordem de Deus foi para que o povo tomasse uma atitude.
Devemos nos posicionar em relação a nossa pátria de acordo com essa Palavra. É evidente que os fatos e as constatações nos levam a fazer declarações contrárias ao governo em exercício. É lícito e uma garantia constitucional o direito de expormos nossas opiniões. Mas não podemos esquecer nossa responsabilidade espiritual, de interceder pelas autoridades e pela nossa população.
Por outro lado, se as más notícias nos desanimam quanto a vida profissional, o Senhor nos exorta a trabalharmos pela prosperidade da terra. Nossa responsabilidade como cidadãos é continuar produzindo, porque do sucesso do Brasil depende o nosso sucesso pessoal.
Lembremos das palavras de Jesus: "Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal" - Jo 17:15. Não estaremos isentos dos efeitos da crise, mas devemos crer nos livramentos que o Senhor já nos tem preparado.
Nas palavras de Jeremias Deus fala de paz, futuro e esperança. Em meio a crise isso parece contraditório, mas prova que Ele está no controle de todas as coisas. Temos que ter consciência que a vida continua e não podemos deixar de viver. Certamente não existirão soluções fáceis, mas nos voltando de todo coração ao Senhor, encontraremos o caminho da verdadeira prosperidade.